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Acessibilidade

Cerca de 10% da população dos países em desenvolvimento porta algum tipo de deficiência, segundo a Organização das Nações Unidas. No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam um contingente de 25 milhões de pessoas nesta situação: 15% da população. São pessoas às quais é necessário garantir o direito de locomoção com autonomia e independência, permitindo seu fortalecimento social, político e econômico, como cidadãos plenos que também são. E isso passa pelo planejamento das edificações, da sinalização do trânsito, das calçadas, dos veículos de transporte urbano e outros equipamentos das cidades.

Ir e Vir

 A autonomia de locomoção pressupõe a existência de condições para um deslocamento completo, da origem ao destino desejado. Isso quer dizer que não basta a alguém residir num prédio especialmente equipado com todas as comodidades para portadores de deficiências (alô, construtores, eis um bom apelo mercadológico que ainda não usaram...), é preciso que essa pessoa, chegando à rua, possa continuar seu caminho, apoiada por equipamentos públicos como indicadores sonoros e sinalizadores táteis no piso para travessia nas principais vias, calçadas com guia rebaixada em todas as esquinas, adequações em ônibus para o recebimento de cadeirantes etc.

A Maneira com que Andamos depende do que Praticamos

Todos nós, seres humanos, dependemos direta ou indiretamente do meio ambiente equilibrado e em harmonia com o desenvolvimento urbano e rural, planejado para atender as necessidades de todas as formas de vida, com enfoque primordial á vida humana.

Lembro-me da história contada pelos meus avós... Um dia uma pessoa dormia embaixo de um pé de Gabiroba e seu sono foi atrapalhado por um fruto que despencou de cerca de 20 metros de altura, bateu na sua testa e explodindo pelo impacto acordou o dorminhoco e lambuzou sua face. Depois de acordado ele se levantou, limpou o rosto, olhou para cima e disse: “ainda bem que não era uma melância”.

Fiz esse relato para despertar em você, leitor e cidadão, a importância que tem os planejadores urbanísticos em escolher as melhores espécies de árvores para serem plantadas nas áreas urbanas, que sejam úteis para a saúde e ao embelezamento das cidades, que não causem problemas de acessibilidade para o deslocar humano com autonomia e segurança.

Importante se faz, desde a educação fundamental, ensinar que não se planta um pé de jaca na calçada e que uma árvore tem que ser cuidada, não basta apenas plantá-la.

Precisamos de conscientização permanente acerca da importância da preservação das áreas permeáveis nos terrenos das casas e dos condomínios. A água da chuva deve ter lugar para ser absorvida para que não tenhamos tragédias como as que têm ocorrido em grandes metrópoles.

Temos cidades em regiões metropolitanas em que 97% do território do município é urbanizado e 3% é de zona rural, isso ocorre devido a falta de planejamento. A fragilidade na fiscalização das propriedades privadas que pode causar grandes tragédias á coletividade.

É fundamental que tenhamos planejamento urbano, com fiscalização rigorosa em todas as etapas do desenvolvimento urbano e rural, com educação ambiental para a cidadania com responsabilidade, tanto por parte dos Governos quanto por parte das pessoas.

Os governos devem seguir as leis de planejamento urbano, não sendo flexíveis aos interesses individuais e obedecendo, dessa forma, ao Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular. Assim serão mantidos equilibrados os sistemas que compõe e organizam as cidades e os campos. Todas as políticas públicas devem trabalhar articuladas, tendo como objetivo específico à qualidade de vida em todos os seus aspectos.

A responsabilidade das pessoas está na rotina do dia a dia, desde o seu banho matinal, sua alimentação, a destinação de resíduos produzidos por ela, o meio de transporte que utilize, a forma de condução desses meios de transporte, com respeito às leis e normas, até o momento do dormir, quando se desliga o computador e apagam-se as luzes.

São muitas as ações individuais que interferem na vida coletiva das pessoas e essas ações individuais podem decidir entre a vida e a morte.

Quero agradecer a oportunidade de escrever nesse espaço e espero que seja a primeira a primeira vez de muitas. Faço aqui um apelo: caso você tenha dúvidas quanto à forma de se edificar uma calçada, plantar uma árvore, executar uma rampa, posicionar uma lixeira, descartar um resíduo ou qualquer outra ação que, de alguma forma, impacte na vida dos outros, procure orientação nos organismos governamentais que planejam a metrópole menina chamada Londrina.

"Se somos pés vermelhos temos de dar nossa contribuição individual para o bem da vida nessa terra vermelha.”

Matéria enviada por: José Giuliangeli de Castro - Secretário da pessoa com Deficiência e da Acessibilidade.

 
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